
SBOP Orienta
Qual a importância de um ortopedista pediátrico participar de congressos e simpósios?
O tratamento, resultado e prognóstico de uma fratura estão relacionados a fatores como idade da vítima, gravidade, tipo e localização do trauma, treinamento do ortopedista e até características individuais da criança ferida. Dessa forma, é importante que os pais falem com o ortopedista responsável e sejam esclarecidos quanto às particularidades do tratamento. As informações de outros pais que tiveram filhos com fraturas “semelhantes” podem não ser aplicáveis àquela criança.
O trauma necessário para provocar uma fratura nem sempre é violento. Um tropeço seguido de queda ao chão pode ser suficiente. A maioria das fraturas está relacionada a quedas no ambiente doméstico, afetando em maior proporção os membros superiores (clavícula, punho, antebraço e cotovelo).
Caso testemunhem o acidente, os pais ou responsáveis devem relatar ao médico a situação e a forma como a criança caiu ou foi atingida. Do mesmo modo, informar a circunstância em que a criança mais sente dor pode contribuir para o diagnóstico: observe se ela grita ou chora ao trocar de fralda ou ao ter seu braço pressionado, por exemplo.
O sintoma mais importante da fratura é a dor imediata produzida pelo trauma, a qual se acentua com o movimento ou com a compressão da região afetada. Assim, a criança evita movimentar o membro fraturado, o que é chamado de impotência funcional. A presença de movimento ativo não afasta a possibilidade de fratura.
Quando a fratura ocorre nos membros inferiores, a criança evita apoiá-los no chão ou manca. Em alguns casos, há deformidade aparente após o trauma. O inchaço (edema) é comum, mas não fundamental. Especialmente em crianças com maior proporção de gordura o edema e os hematomas podem ser de difícil visualização. Às vezes surgem hematomas (manchas violetas) na pele, que representam um sangramento interno. Isso, porém, não é motivo para alarme.
Em certas situações, verifica-se uma movimentação anormal do osso no local da fratura, acompanhada de barulho ou sensação de raspar.
Fratura fechada: não há lesão da pele.
Fratura aberta ou exposta: há, na pele, uma ferida que se comunica com a fratura. Pode ser de qualquer dimensão, inclusive se resumindo a um ponto.
Fratura patológica: ocorre num osso afetado por problemas prévios que o enfraqueceram (como doenças congênitas, infecções e lesões benignas ou malignas).
Fratura por estresse: ocorre em ossos submetidos a esforço contínuo. Sua incidência vem se elevando devido à disseminação da prática esportiva intensa pelos jovens.
Fratura desviada: os fragmentos do osso se deslocam.
Fratura articular: há acometimento da articulação.
Descolamento epifisário: atinge a placa de crescimento.
Fratura em “galho verde”: o osso é “lascado” ou “trincado”, sendo que um lado dele permanece íntegro.
Fratura subperiostal: ocorre sob o periósteo, membrana resistente que envolve o osso.
A primeira providência consiste em imobilizar o membro fraturado. Isso reduz a dor e o inchaço e evita que a lesão aumente (imobiliza-se o membro na posição que está).
Se, além da fratura, houver ferimento, limpe-o com água corrente ou soro fisiológico e cubra-o com material limpo ou estéril até a ida ao serviço de emergência. Caso haja sangramento abundante, faça uma compressão moderada na ferida para estancar o sangue.
Imobilização: em sua maioria, as fraturas podem ser tratadas de maneira conservadora, com imobilização por tempo adequado. Devido a sua capacidade de remodelação, as pontas fraturadas não precisam estar em contato total e encaixe perfeito: desvios são aceitáveis, conforme as características do osso, a localização da fratura e a idade da criança. Já entre os adultos, a tolerância ao tamanho do desvio é menor.
Redução: algumas fraturas com desvio necessitam ser reduzidas (ou seja, colocadas no lugar). Isso pode ser feito sob anestesia geral, local, regional ou, em alguns casos, sem a ajuda de anestésicos. Nessa última modalidade, o ortopedista aplica uma manobra rápida para a redução da fratura. Embora pareça agressivo, esse método dispensa, além da anestesia, a internação, e faz a dor passar muito rapidamente. A decisão sobre o método da redução, porém, deve levar em consideração diversos fatores como idade da criança, tempo de jejum, tipo da fratura, osso fraturado e aceitação pelo paciente e pelos pais.
Cirurgia: certas fraturas exigem cirurgia para o adequado posicionamento dos fragmentos da fratura e/ou fixação. Esta é obtida com a utilização de materiais como pinos, hastes, placas ou fixadores. Em determinados casos, não há necessidade de cortes: a fratura pode ser fixada com pinos que atravessam pela pele. Também requerem procedimento cirúrgico lesões que afetam a articulação, que atingem a placa de crescimento, fraturas expostas e casos nos quais se verifica ferimento da artéria (onde se percebem alteração da cor da extremidade do membro ou perda do pulso).
Geralmente, as fraturas são imobilizadas com tala de gesso, gesso circular, gesso sintético ou aparelhos. Em crianças não há a preocupação de evitar uma imobilização mais intensa ou demorada, pois sua recuperação é rápida e dificilmente ocorre perda do movimento da junta pela imobilização. Por outro lado, é importante que o osso tenha adquirido uma resistência próxima ao normal, para que um novo traumatismo não cause fratura no mesmo lugar. A imobilização e a medicação controlam a dor, mantendo-a num nível confortável para a criança. Dores mais intensas ou com exacerbação progressiva devem ser relatadas ao médico.
Entre os métodos de imobilização, o gesso sintético (na verdade uma bandagem de resina) chama particularmente a atenção dos pais. Suas vantagens são o menor peso e a maior resistência. No entanto, ao contrário do que se pensa, ele não pode ser encharcado no mar ou na piscina. Apesar de ser um material plástico e, portanto, impermeável, a água que fica entre ele e a pele podem causar muitos problemas. Além disso, não permite a modelagem, tão importante e necessária em muitas fraturas. Outra desvantagem importante é seu alto custo.
Utilizam-se as talas quando existe possibilidade de um inchaço muito grande e há segurança quanto à estabilidade da fratura. Talas são particularmente importantes depois de uma cirurgia. Desvantagens são menor resistência e durabilidade.
Além da imobilização, o tratamento das fraturas pode envolver uma série procedimentos e cuidados adicionais.
Controles: dependendo do tipo de fratura, há necessidade de controles radiográficos para verificar se a posição do osso está mantida de maneira adequada. Ao final do tratamento, uma radiografia pode ser solicitada para avaliar se existem condições para deixar o local sem imobilização ou proteção. Fraturas simples e com excelente prognóstico dispensam essa radiografia de checagem.
Tempo de consolidação: varia de poucas semanas a meses. Tudo vai depender da idade da criança, do tipo e da localização da fratura, do tratamento realizado e dos cuidados tomados. O ortopedista oferece aos pais uma previsão do tempo de consolidação, que pode se modificar conforme o aspecto revelado pelas radiografias de controle, pois existem fatores individuais que interferem nesse prazo.
Fisioterapia e reabilitação: Depois do tempo de imobilização, verifica-se a atrofia do membro e certa dificuldade em retomar os movimentos normais. Para a maioria das crianças, a recuperação ocorrerá naturalmente. No entanto, em casos específicos, e também entre crianças maiores e adolescentes, talvez seja necessário um acompanhamento fisioterápico. O retorno à atividade deve ser progressivo e respeitar a idade e atividade da criança. Ela pode retomar prontamente aos exercícios sem impacto, como a natação. Já a prática de esportes com risco de impactos e quedas (futebol, skate, basquete) tem de aguardar a liberação pelo ortopedista.
Acompanhamento: mesmo após o tratamento e a consolidação do osso, a criança ainda precisa de acompanhamento médico. Isto é necessário para certificar-se que: 1 - houve recuperação total do movimento e da função; 2 - o osso se mantém alinhado; 3 - o crescimento do osso não foi afetado.
O gesso é utilizado para manter a posição adequada da fratura, protegendo o membro e aliviando a dor. Se a criança engessada apresenta choro intenso, desconforto acima do normal ou se queixa de dor, deve-se procurar imediatamente o ortopedista ou o serviço de emergência.
Deve-se procurar ajuda médica em caso de:
Esses sintomas indicam que pode estar havendo uma compressão capaz de lesionar nervos e músculos, que, se não for tratada prontamente, pode deixar sequelas graves.
Os ossos da criança apresentam diferenças em relação aos dos adultos, as quais são importantes para determinar o tipo da lesão, o tratamento e o prognóstico em caso de fratura. O osso da criança apresenta maior elasticidade e porosidade; o periósteo é mais resistente e há a presença das cartilagens de crescimento. Além disso, como a criança está em crescimento, a capacidade de seu corpo de formar e desenvolver os ossos é superior à do adulto.
Essas diferenças determinam algumas características vantajosas para a criança:
A esses aspectos positivos, no entanto, contrapõem-se algumas desvantagens sérias:
Qual a importância de um ortopedista pediátrico participar de congressos e simpósios?
Queremos ver seus registros desses momentos especiais!